quarta-feira, 11 de março de 2009

Joan Miró




   Donis Dondis considera que um dos métodos de analisarmos a arte, que tem tendência a ser subjectiva, “é decompô-la nos seus elementos constitutivos” pois “para analista e compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é conveniente concentrarmo-nos nos elementos visuais individuais, um por um, para um conhecimento mais aprofundado das suas qualidades específicas”. Este texto tem precisamente a função de analisar a pintura de Joan Miró à luz dos elementos básicos da Comunicação Visual (ponto, linha, forma, escala, ….).
Antes de mais devo referir que Joan Miró 
foi um pintor, escultor e artista gráfico surrealista. Nesta reflexão vou apenas referir-me à sua pintura.

   Miró faz, na minha opinião, um uso excepcional do ponto, da linha, das formas básicas (quadrado, triângulo equilátero e círculo) conjugando-as com diversos tons, cores e escalas. Devo acrescentar que nas suas pinturas as cores predominantes são as cores primárias (azul, vermelho, amarelo), o verde, o preto e o branco; sendo que usava o preto para contornar a forma e realizar linhas e utilizando o branco como fundo dava às outras cores vivacidade e ênfase. Na verdade, penso que devido à existência destas cores em tons fortes os seus quadros acabam por chamar muito à atenção. Para mim, a arte deste artista consegue harmonizar de uma forma exemplar os elementos básicos da comunicação visual.

   Apesar de serem vários os artistas surrealistas, este tem características próprias, tem um uso e uma conjugação bastante pessoal dos elementos básicos da comunicação visual. Tem a simplicidade de uma criança nos seus traços. Chega a apresentar pinturas que parecem mesmo rabiscadas e salpicadas à toa mas, que podem perfeitamente reflectir o estado de alam do artista naquele momento. As suas linhas formam planos achatados, sem profundidade. São assim, pelo seu conjunto de características, figuras simples. No entanto, revelam a complexidade da simplificação dos seres e objectos como os vemos na realidade. Penso que Miró conseguiu ver o Mundo da forma que apenas um surrealista sabe fazer, num campo de imaginação aliado aos elementos básicos.

   As formas mais tradicionais nas suas obras são o círculo e o triângulo. Contudo, através da combinação destas duas e do triângulo equilátero dá origem a muitas outras formas. Através da escala das formas isoladas faz o nosso olhar se movimentar ao longo delas e nas formas unidas faz com que tenhamos a percepção do tamanho e altura do que ele quer representar.

   Miró tem uma pintura constituída por uma linha vermelha e bolas pretas,
de diversos tamanhos, acompanhadas com um fundo azul e com uma moldura branco que lhe confere outra dimensão. A linha, talvez por ser da cor vermelha, é o primeiro elemento que me chama à atenção. Devido á sua inclinação e formato faz-me lembrar uma caneta. Os pontos, apesar de não serem perfeitos, fazem o nosso olhar seguir uma espécie de linha por eles formada, ora mais fina, ora mais grossa. Estes dos elementos reunidos fazem-me pensar numa caneta que escreveu algo, contudo se assim for, a caneta deveria estar do lado oposto ao que está colocada. Surrealismo ? Com toda a certeza.

   A linha, na globalidade dos seus quadros, tem várias interpretações. Assume, ousaria dizer, todas as formas possíveis e imaginárias.
   Em tom de conclusão apenas queria referir que mesmo André Breton, o fundador do Surrealismo, descreveu Joan Miró como "o mais surrealista de todos nós".

2 comentários:

  1. Estimada Marisa,

    Tal como referi no email enviado precisarei de mais algum tempo para comentar este artigo. Não obstante, e numa primeira (breve) leitura, parece-me que vamos no bom caminho.

    Bom trabalho,
    Bruno Giesteira

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  2. Estimada Marisa,

    Tal como referi no anterior comentário, ainda que de forma implícita, o seu artigo está bem estruturado pois analisa (de forma pessoal e fundamentada nas matérias abordadas) diferentes composições, neste caso, de Miró.
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    Lanço agora o desafio (numa versão 2.0 do mesmo) para um enriquecimento da análise com base em pesquisa independente.
    Sugiro para o efeito o recurso à leitura da já nossa conhecida Donis Dondis; Rudolf Arnheim; Bruno Munari; et. al.
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    Nota: E porque não aproveitar o weblog para editar a componente prática da disciplina?...

    Continuação de um bom trabalho,
    Bruno Giesteira

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