terça-feira, 2 de junho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Infografia

Quando comecei a ouvir falar sobre a infografia nem sabia o que isso era mas o termo levava-me a uma associação imediata a “gráfico”. Não estava de todo errada.

Após o decorrer das aulas de Design de Comunicação Visual e, de forma mais incisiva, na aula teórica sobre infografia apercebi-me que infografia engloba muitas coisas e que ao desfolharmos um jornal, uma revista encontramos múltiplos e diversificados exemplos desta.

Para mim, a infografia é um esboço, um esquema colorido de um texto, ideia, filme, o que for. É uma simplificação, se for bem realizada. Como Alberto Cairo referiu numa videoconferência na Universidade de Carlos III – Madrid, a infografia é “uma forma de tratamento da informação” relacionada com o jornalismo e com a informação mas acima de tudo é uma forma de visualização de informação.

A infografia pode ir do mais simples ao mais complexo. A infografia pode ser estática ou dinâmica, assemelhando-se a um mini-site.

A proposta número 4 de DCV era escolher uma notícia e fazer uma infografia sobre ela. Ao fim de vários dias de procura concluí que este método já é bastante utilizado e poucos são os artigos longos que não a utilizam. Isto tem uma razão de ser. Para mim, a infografia dá um destaque visual importante ao tema tratado. Além do mais, em alguns casos, o título e uma infografia chegam para a pessoa ficar a saber o que se diz em uma página de texto.

Segundo Cairo, para fazer infografias não é preciso ser artista visto que “o desenho gráfico e a arte são secundárias”. Antes de tudo, é necessário pensar o que é que o leitor/usuário precisa de saber. Depois de o sabermos, é essencial reunir a informação, planifica-la e criar a arte final.

Através da infografia é possível a análise de dados de uma forma muito mais rápida. Senão vejamos, o exemplo do metro de Londres.

“O mapa de bolso das linhas do metro publicado pela London Transport Corporation oferece as informações necessárias com a maior clareza, e ao mesmo tempo agrada aos olhos pela harmonia de seu projecto. Consegue-se isto renunciando-se a todo o detalhe geográfico com excepção daqueles aspectos topológicos pertinentes – isto é, a sequência de paradas e interligações. Todas as vias são reduzidas a linhas rectas; todos os ângulos, aos dois mais simples, de quarenta e de quarenta e cinco graus. O mapa omite e deforma muito, e por assim fazê-lo é a melhor imagem possível daquilo que quer mostrar.“ [Arnheim] Antes, no quadro anterior, em ponto pequeno, como as estações estavam muito próximas o mapa tornava-se inelegível. Houve uma simplificação da informação de forma a torna-la o mais compreensível possível, explicou Alberto Cairo.


versão 1.0

quarta-feira, 27 de maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

A cor.

“As cores na pintura são, por assim dizer, engodos para seduzir os olhos, como a beleza dos versos na poesia é uma sedução para o ouvido.”
Poussin

As cores não são estáticas na medida em que mudam o seu significado ao longo do tempo e consoante a cultura em que está a ser utilizada. “Diz-se que o vermelho é excitante porque nos faz lembrar fogo, sangue, revolução. O verde suscita os pensamentos restauradores da natureza, e o azul é refrescante como a água. Mas a teoria da associação não é, neste caso, mais esclarecedora do que em outras áreas.” Mas, se em Portugal é uma ofensa estar de luto e se vestir de vermelho, na África do Sul é o correcto.

Contudo, existem cores que têm características comuns em todo o Mundo, como por exemplo, as cores quentes a as cores frias.

Uma determinada cor pode ter diversos tons: desde o tom mais claro ao tom mais escuro. Este facto faz-nos muitas vezes confundir um azul com um verde e leva-nos ao “azul esverdeado”. Rudolf Arnhiem, no seu livro Arte & Percepção Visual – Um Psicologia da Visão Criadora, declara que “As quatro dimensões da cor que podemos distinguir com confiança são o avermelhado, o azulado, o amarelado e a escala de cinzentos. Mesmo as secundárias podem gerar confusão devido ao seu parentesco com as primárias, por exemplo, entre um verde e um azul ou amarelo; e na hora de tentarmos diferenciar a púrpura de um violeta, somente a justaposição imediata permite certeza. Isto é evidente no código de cor usado para mapas, guias e outros instrumentos de orientação.”

Mas a cor e, consequentemente, o tom dela, depende da luz que recebe. Com muita luz as cores parecem muito mais claras e luminosas do que com pouca luz. Isto comprova-se quando anoitece, onde os tons das coes se tornam mais escuras. Contrariamente, quando está sol, no Verão, os tons das cores são mais diversificados.” Também percebemos a cor da própria iluminação incorrectamente. Adaptados à iluminação vermelha, vemos uma superfície cinzenta de facto como cinzenta, mas somente enquanto a sua claridade se iguala à da que prevalece no campo. Se a superfície cinzenta for mais clara, é vista como vermelha; se for mais escura, como verde.”
Já alguma vez pensou como seria um mundo apenas com uma cor de um único tom? Como conseguia andar sem tropeçar ou identificar o local das coisas rapidamente? Seria uma loucura, algo impensável. O mundo precisa de cores, assim como tal o conhecemos. O verde da relva, o branco das nuvens e o preto do alcatrão. “Estritamente falando, toda a aparência visual deve sua existência à claridade e cor. Os limites que determinam a configuração dos objectos provêm da capacidade dos olhos em distinguir entre áreas de diferentes claridade e cor. Isto é válido mesmo para as linhas que definem a configuração em desenhos; elas são visíveis apenas quando a tinta difere do papel, na cor. “

Fontes:
ARNHEIM, Rudolf; Arte & Percepção Visual – Um Psicologia da Visão Criadora; Editora Thomson; 1980

Ricardo Reis

Tempo.
Equilíbrio.
Fugacidade da vida.
Fatalidade da morte.



quarta-feira, 6 de maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Álvaro de Campos


Dar relevo ás personagens.
versão 0.2

terça-feira, 21 de abril de 2009

Alberto Caeiro - Composição


     A imagem acima revela a primeira composição que realizei. A imagem abaixo consiste na evolução da primeira imagem para algo que me agrada mais.
 

     A variedade do tipo de letra e de cores demonstram a "eterna novidade do Mundo" bem como a sua variedade.
      O cinzento de fundo vem quebrar a ideia de que é uma cor depressiva, que não abunda da natureza, porque Caeiro defende a anti-ética e a anti-filosofia. Outra prova destas duas características são dadas pela deambulação das letras pelo espaço visual: sem cumprir regras.

versão 1.0
     
 

Álvaro de Campos - Composição

     Tipo de letra predominante : Times New Roman por ser aquela que mais identifiquei com a máquina. 
     Os "r" têm uma continuação que simboliza a sua eternidade ("R-R-R-R-R-R-R eterno"), com excepção dos "rr" que são clonizados .  No "R" de "Rugindo" utilizei várias linhas para transmitir uma juba de um leão, visto que é a este animal que está associado o rugir. 
    As linhas formadas pelo prolongamento dos "r" simbolizam a emoção espontânea, uma loucura provocada pelo estado febril do sujeito poético.

versão 0.1

sexta-feira, 27 de março de 2009

A Letra

“Olhe para qualquer lado e você verá uma palavra escrita sobre alguma coisa. A escrita é uma das grandes invenções humanas, definiu os rumos da civilização. Toda palavra escrita tem uma forma e esta forma é resultado de escolhas técnicas mas também estéticas, portanto ideológicas. Por isso, eu não acredito em neutralidade. Há uma inter-relação da forma com o conteúdo. A tipografia é importante porque dá forma à escrita. Seja em uma placa de trânsito com a palavra PARE ou em um site com bilhões de palavras, a fonte vai expressar algo que pode ser coerente com a informação e com a função do texto mas que, não raro, pode ser conflituante ou gerar ruído.” Esta foi a resposta de Ricardo Mayer (http://www.ricardomayer.com/) aquando numa entrevista lhe perguntaram “Qual a importância da tipografia?”. De facto, este designer consegue exprimir nestas linhas o valor que a letra tem e que, usualmente, não valorizamos.

As letras não são meramente aquilo que olhamos. É preciso vê-las. É através do ver que conhecemos o objecto do nosso olhar para, assim, conseguirmos perceber o que a tipografia transmite. O tipo de letra utilizado pode-nos transmitir muito mais que a identificação da letra. Por via dele podemos conhecer a personalidade da letra e, consequentemente, a personalidade de quem a escreve e/ou publica. Este vídeo apresenta a vertente mais teórica da tipografia.

Quando o meu pai, no primeiro Natal do meu irmão, lhe ofereceu um conjunto de livros acerca do abecedário português eu achei um disparate. O rapaz ainda começava a palrar e já tinha uma colectânea de livros de A-Z para ler. Agora, pensando melhor, vejo que o meu pai sabe o quanto são importantes as letras nas nossas vidas. Ouso dizer que se o ponto é a unidade mínima da comunicação visual, a letra é a unidade mínima da comunicação verbal e escrita.

Muitas vezes, as palavras assumem-se como personagens e ganham relevo. Por vezes, a fonte acaba por ter mais relevo que o próprio conteúdo pois acaba por ser “um dos elementos que contribuem para a construção de uma linguagem de um conceito, não só pela informação escrita mas também pela expressão formal que vai formar”, como afirma Ricardo Mayer.

Atentemos no seguinte vídeo:

Para verificar se a letra se assumia efectivamente como personagem, pedi colaboração ao meu irmão (8 anos) que ainda não consegue perceber este nível escrito de inglês. Na primeira visualização pedi-lhe que me dissesse palavras que a imagem lhe fizesse lembrar. Ele disse tiros e morte. Na segunda mostra pedi-lhe uma descrição mais detalhada sobre as primeiras quatros cenas. O resultado foi o seguinte: 1) Letras a arrastarem-se e deixar rasto; 2) letras a saírem fora do sítio; 3) três tiros e algumas das letras a explodir e outras a fugir e gritar; 4) fogo nas letras e estas a transformarem-se em cinza. A minha conclusão foi que uma criança, apenas através de letras, consegue perceber o conteúdo que a publicidade pretende transmitir. Das quatro cenas só uma (cena 2) é que o significado não lhe foi tão compreensível de uma forma tão exacta pois, de resto, a mensagem foi comunicada correctamente apenas com a movimentação das letras. Isto só prova que a letra assume-se como o principal elemento desta publicidade.

Ademais, existe um conforto visual alcançado por uma escolha adequada da fonte tipográfica, o posicionamento do texto tendo em conta a movimentação das letras e o contraste entre a cor de fundo e a cor dos caracteres.

Em tom de conclusão, é interessante voltar a ver coisas tão habituais e tentar compreender se a tipografia utilizada reflecte algo dado que em muitas ocasiões a fonte tipográfica, a composição do texto, os tons utilizados e até o próprio tamanho trasmite, por si só, uma mensagem.

versão 0.1

Para realização deste artigo recorri aos seguintes sites:

Ben-Hur

Recordar Ben-Hur através da tipografia

terça-feira, 24 de março de 2009

Estupefacção

Estou completamente boquiaberta com o mundo da tipografia.
Abri o Google e apenas queria um pouco de inspiração para a segunda proposta de trabalho e de repente BUM ! Uma série de exemplos excelentes. Uns até nem encaixam perfeitamente no trabalho que temos de desenvolver mas mostram como a tipografia é bonita quando se a sabe utilizar.
Partilho alguns dos exemplos que encontrei convosco, talvez, vos sirva também de inspiração. Antes de mais deixo-vos um site que vale a pena explorar: http://www.whynotassociates.com/en/crawley/01.php


Brevemente farei o artigo sobre a Letra como matéria visual de transmissão de factos e conceitos.

Fontes:

http://images.google.pt/imgres?imgurl=http://img.photobucket.com/albums/v426/Peace_of_God/tipografia.gif&imgrefurl=http://brunocoelho.com.br/fourvoyage/&usg=__Nv-_f8Fp5awQvGf1cDzkVRnIwQ8=&h=506&w=425&sz=26&hl=pt-PT&start=1&um=1&tbnid=c-tAB3HKkMPT5M:&tbnh=131&tbnw=110&prev=/images%3Fq%3Dtipografia%26hl%3Dpt-PT%26sa%3DN%26um%3D1

http://ofusca.wordpress.com/2007/05/02/tipografia/

http://depontoaconto.ilikesushi.org/?p=87

Representações da Realidade




    Uma manhã de futebol, um quarto-de-banho e um passeio de Domingo estão cheios de pormenores que, normalmente, nos passam completamente ao lado pela sua simplicidade. É tempo de parar e reparar neles.



domingo, 15 de março de 2009

Composição visual

   A primeira proposta de trabalho de Design de Comunicação Visual consiste na elaboração de uma composição que seja a interpretação visual de uma música à nossa escolha utilizando apenas elementos básicos da comunicação visual.

   A música que seleccionei é a "Chasing Cars", dos Snow Patrol. Esta canção foi a única do grupo, até ao momento, a alcançar o lugar nº1 de downloads no Reino Unido (2006). Também foi nomeada para os "2007 Grammy Award" como "Best Rock Song" e para os "2007 BRIT AWARD" na categoria de "Best Single". Esta música ganhou grande popularidade devido à sua associação com a série
Grey's Anatomy.

   Confesso desconhecer as restantes músicas da banda.

   Apesar de calma, a música tem uma batida de fundo que penso ser interessante pois podemos ir a caminhar ao som dela e, de repente, dá-nos energia, transforma-se em força, e começamos a correr desalmadamente atrás de algo/ de alguém que talvez nunca tenha existido mas que a música nos faz procurar incessantemente. Concordo na totalidade com a Billboard (revista de música -
http://www.billboard.com/bbcom/index.jsp), quando afirma que "Chasing Cars" é uma canção "cativante, uma balada que consegue ser colossal sem qualquer fogo de artifício".

   A mensagem é simples:"If I lay here, If I just lay here, Would you lay with me and just forget the world?". É simplesmente esquecer o que se passa à nossa volta e deixar o passado de lado. Lembrar que "those three words", isto é "I Love You", pode significar muito porém são insuficientes para exprimir totalmente o que sentimos e/ou pensamos.

   Pessoalmente, na letra de "Chasing Cars" encontro um homem apaixonado que apenas quer que a pessoa que ama pare e se deite ao lado dele.
   
   Transmite-me paz, tranquilidade e felicidade.


Como colocar tudo isto numa composição?

    Sei que só poderei utilizar elementos básicos da comunicação visual, ou seja, o ponto, a linha, a forma, a direcção, o tom, a cor, a textura, a escala/dimensão e o movimento.

    De todos eles, o elemento com que me sinto mais familiarizada é a cor, portanto, recorro várias vezes ao simbolismo da cor.

   O primeiro passo foi realizar o quadrado em 12x12 cm. Depois, coloquei como fundo uma imagem retirada da Internet (figura1) com um nível de matiz e um enquadramento diferente. Em tons suaves e numa textura que dá a sensação de ser bastante suave. Isto porque se ela se deitasse ao lado dele e se esquecessem de tudo o resto seria bastante agradável.


Figura1

   A mensagem principal está em tons de verde, cor associada à esperança dela se deitar ao lado dele. Para isto utilizei o Photoshop.

    No Freehand, coloquei uma linha vermelha, cor do amor e da vida, centrada horizontalmente. Esta linha tracejada tem espaçamentos diferente, isto porque há momentos em que a música é mais ritmada que noutros. A linha transmite a melodia da música.

   Voltei novamente ao Photoshop e com a ajuda da Table Pen, desenhei dois corpos com linhas muito simples. Num coloquei uma saia e pintei-o de cor-de-rosa, no outro usei a cor de azul. Temos assim o rapaz e a rapariga. Coloquei-os na horizontal para dar a sensação que estariam deitados. Estes dois corpos encontram-se unidos pela linha da melodia.

   O resultado foi o seguinte:


   Pensei ainda em fazer uns "rabiscos" para demonstrar o momento em que a música é mais ritmada, contudo, esse aspecto já é representado na linha vermelha e não lhe quis estar a dar mais ênfase pois não é isso que procuro.

   Através de 3 elementos básicos da comunicação visual - cor, textura e linha - consegui realizar uma composição visual que traduz o que a música dos Snow Patrol - "Chasing Cars" - me faz sentir e pensar.

   Em tom de conclusão gostava de referir que ao início foi um pouco difícil simplificar, com apenas alguns elementos disponíveis, esta canção e transmitir-vos o que ela me diz mas não deito de lado a hípotese de realizar algo mais abstracto.No entanto, penso que consegui uma composição visual harmoniosa e suave que traduz a calma que a música me faz sentir.


Para realização deste artigo recorri aos seguintes sites: http://olhandoacor.web.simplesnet.pt/significado_das_cores.htm e http://en.wikipedia.org/wiki/Chasing_Cars





versão 1.0

quarta-feira, 11 de março de 2009

Joan Miró




   Donis Dondis considera que um dos métodos de analisarmos a arte, que tem tendência a ser subjectiva, “é decompô-la nos seus elementos constitutivos” pois “para analista e compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é conveniente concentrarmo-nos nos elementos visuais individuais, um por um, para um conhecimento mais aprofundado das suas qualidades específicas”. Este texto tem precisamente a função de analisar a pintura de Joan Miró à luz dos elementos básicos da Comunicação Visual (ponto, linha, forma, escala, ….).
Antes de mais devo referir que Joan Miró 
foi um pintor, escultor e artista gráfico surrealista. Nesta reflexão vou apenas referir-me à sua pintura.

   Miró faz, na minha opinião, um uso excepcional do ponto, da linha, das formas básicas (quadrado, triângulo equilátero e círculo) conjugando-as com diversos tons, cores e escalas. Devo acrescentar que nas suas pinturas as cores predominantes são as cores primárias (azul, vermelho, amarelo), o verde, o preto e o branco; sendo que usava o preto para contornar a forma e realizar linhas e utilizando o branco como fundo dava às outras cores vivacidade e ênfase. Na verdade, penso que devido à existência destas cores em tons fortes os seus quadros acabam por chamar muito à atenção. Para mim, a arte deste artista consegue harmonizar de uma forma exemplar os elementos básicos da comunicação visual.

   Apesar de serem vários os artistas surrealistas, este tem características próprias, tem um uso e uma conjugação bastante pessoal dos elementos básicos da comunicação visual. Tem a simplicidade de uma criança nos seus traços. Chega a apresentar pinturas que parecem mesmo rabiscadas e salpicadas à toa mas, que podem perfeitamente reflectir o estado de alam do artista naquele momento. As suas linhas formam planos achatados, sem profundidade. São assim, pelo seu conjunto de características, figuras simples. No entanto, revelam a complexidade da simplificação dos seres e objectos como os vemos na realidade. Penso que Miró conseguiu ver o Mundo da forma que apenas um surrealista sabe fazer, num campo de imaginação aliado aos elementos básicos.

   As formas mais tradicionais nas suas obras são o círculo e o triângulo. Contudo, através da combinação destas duas e do triângulo equilátero dá origem a muitas outras formas. Através da escala das formas isoladas faz o nosso olhar se movimentar ao longo delas e nas formas unidas faz com que tenhamos a percepção do tamanho e altura do que ele quer representar.

   Miró tem uma pintura constituída por uma linha vermelha e bolas pretas,
de diversos tamanhos, acompanhadas com um fundo azul e com uma moldura branco que lhe confere outra dimensão. A linha, talvez por ser da cor vermelha, é o primeiro elemento que me chama à atenção. Devido á sua inclinação e formato faz-me lembrar uma caneta. Os pontos, apesar de não serem perfeitos, fazem o nosso olhar seguir uma espécie de linha por eles formada, ora mais fina, ora mais grossa. Estes dos elementos reunidos fazem-me pensar numa caneta que escreveu algo, contudo se assim for, a caneta deveria estar do lado oposto ao que está colocada. Surrealismo ? Com toda a certeza.

   A linha, na globalidade dos seus quadros, tem várias interpretações. Assume, ousaria dizer, todas as formas possíveis e imaginárias.
   Em tom de conclusão apenas queria referir que mesmo André Breton, o fundador do Surrealismo, descreveu Joan Miró como "o mais surrealista de todos nós".